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domingo, 4 de diciembre de 2011

POEMA B,144

La postal que más leo, de todas las que me enviaste, es esa donde te descubres frágil, levantas alas y te arrojas a los abismos del silencio.


La escena que más recuerdo, es aquella donde levantas el rostro con una media sonrisa y me pides que “llene tu pequeño espacio con algo de luz”.

La canción con la que más te añoro, es aquella donde me dices que el amor es una trampa, pero hay un premio para los osados.

Todo lo recuerdo bien: fue un relámpago el que nos cegó y terminamos hablando sobre el vino y la codicia. El resto fue adivinarnos.

domingo, 20 de noviembre de 2011

las mujeres que me gustan

las mujeres que me gustan se visten de falda,
de colores cálidos y zapatos abiertos.

las mujeres que me gustan me juegan con la mirada y la sonrisa,
con la indiferencia y el olvido.

las mujeres que me gustan tienen los dedos de los pies limpios,
las manos llenas de agua cálida y una historia sorpresa escondida por ahí.

las mujeres que me gustan son coquetas, volátiles, sonrientes, elegantes, susurrantes
eróticas, alegres, comprometidas...
infieles y vanidosas.

me gustan que le sonrían a otros que me la jueguen y me odien.

las mujeres que me gustan están en las calles, en las fiestas
en tu mirada y en mi taza de limosnas.

(noviembre 24/2000.

miércoles, 2 de febrero de 2011

EXTRAÑAS MUTACIONES/ PORTUGUES

do livro Descanse em paz a guerra.

ESTRANHAS mutações *


Tenho o coração de pedra seca e as lágrimas ausentes de dor
Ninguém me matou, nem me roubou o carinho dos amados
Não fui guerreiro, nem assisti a marchas pela paz, nem disparei
Nem odiei a ninguém por pensar diferente
Por dessentir

Só que agora, me entrou a nostalgia:
cresci entre os rumores de uma guerra,
e vivi entre as entranhas da batalha mesma
e o naufrágio

temo às incertezas surgidas pelas conciliações
e à carreta da paz e ao espontâneo amor entre os sobreviventes,

dizem que haverá trégua,

é um eco, um grito além no fundo dos meus pesadelos.


Autor: Marco Antonio Valencia Calle
Tradução: Kassia da Silva Santana






O LIVRO dos soluços *

Aqui existem histórias que fervem a medo e não se podem contar
Que paralisa e colocam a carne de galinha, de chuvisco, de noite pobre

Um livro de histórias escritas à margem da história oficial
Com nomes de gente que agora é osso e pó
De gente mutilada, desvencilhada, cega o esquizofrênica

Um livro com histórias da guerra dos meus tempos
Uma guerra santa, uma guerra louca, uma guerra sem pernas
Uma guerra sem amor e muitos dízimos para o ódio

Houve gente de coração valente que formou trincheira no medo
E houve gente covarde que se arrastou com uma arma entre as costelas

Todos estivemos ali, presentes,
Mas graças a Deus este é um país de gente sem memória,
Sem história nem imprensa para as lembranças das infâmias

E amanhã seremos felizes



Autor: Marco Antonio Valencia Calle
Tradução: Kassia da Silva Santana



NOTAS:
*“Estranhas mutações” e “ o livro dos soluços”, do livro Descanse em paz a guerra. Casa de poesia Silva, Bogotá 2003.

Com o poema Estranhas mutações, o poeta ganhou o prêmio nacional de poesia “descanse em paz a guerra” Casa Silva ano 2003.